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segunda-feira, 23 de julho de 2012

Debaixo desse angu tem caroço


Charge:  blogdoonyx.wordpress.com
Juliana Brito*

Enquanto mais de um milhão de baianos estão fora das salas de aula e cerca de 60 mil professores estão com sua subsistência e futuro profissional comprometido, o MEC continua a repassar verbas para o Estado da Bahia. O mesmo que afirma não possuir recursos, contrata projetos sem licitação para ministrar “aulões” aos alunos do Ensino Médio com a desculpa de prepará-los para o ENEM. No entanto, qualquer aluno de Pedagogia ou Licenciatura deveria saber que cursinhos não preparam para o ENEM, pelo contrário, estes apenas alimentam a indústria dos cursos preparatórios adestrando os alunos a burlar as dificuldades das provas. Não encontramos na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e nem na Constituição Federal nenhum artigo que defenda tal prática, uma vez que, todos os documentos que tratam da Educação perseguem um Ensino Médio capaz de formar cidadãos críticos capazes de atuar no mundo em que vivem e se inseri-los no mundo do trabalho - ninguém consegue isso em cursinhos. A Bahia merece há muito tempo um conjunto de ações visando ressignificar o ensino-aprendizagem, onde profissionais capacitados e valorizados sirvam de modelo e incentivo para as nossas crianças.
O espanto com a gestão da Educação na Bahia aumenta quando intuímos o número exorbitante de contratados de REDA e PSTs - os subempregados da Educação. Se eles podem ocupar o lugar de um professor efeito em greve, não pode receber o mesmo que ele, mesmo porque, a lógica da terceirização serve apenas para baratear o serviço. Se não conhecemos os números do FUNDEB, tampouco conhecemos o número de contratados (PSTs e REDAS), além de não pagar o Piso Nacional do Magistério na sua integralidade, o Estado mantem de forma suspeita, um contingente desconhecido de profissionais sem concurso público, não apenas de professores, mais de técnicos e pessoal de apoio. Será que o nosso ilustre Judiciário e “democrático” Legislativo continuarão a fazer vistas grossas sobre essas irregularidades que ferem profundamente o serviço público baiano? O MEC continuará a repassar as verbas da educação sem averiguar e publicizar onde estão sendo de fato empregadas? Será que nossos meninos continuarão sem aulas, enquanto seus mestres sofrem todo tipo de retaliação por lhes ensinar que DIREITO É CONQUISTA E NÃO SE ABRE MÃO?

*Professora da Rede Estadual de Ensino da Bahia

2 comentários:

  1. O heróico Movimento Grevista dos professores da Bahia me faz lembrar de nomes importantes como o de Joana Angélica, Zumbi, Frei Caneca, Copriano Barata, Joaquim José da Silva Xavier, Antônio Conselheiro, Lampião, Maria Quitéria, Machado de Assis, Rui Barbosa, Castro Alves dentre tantos outros que de uma forma ou de outra combateram os desmandos da venal elite brasileira.Regozija-me saber que o Movimento Grevista dos excelsos professores da Bahia está fazendo História da forma mais bela e clara: ensinando ao povo o que são opressores governantes e os oprimidos governados.

    Tiago Brunelli, professor do Ensino Fundamental e Médio da Bahia.

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  2. E a TV fornece o número de alunos sem aulas, todos os dias, contradizendo a fala da mesma TV de que professores estão voltando para as salas de aula. Se são mais de um milhão de alunos sem aulas, significa que os professores fura-greve estão à toa, fingindo que estão dando aula. Quanto maucaratismo, meu Deus!

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