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domingo, 31 de março de 2013

O legado educacional do regime militar


Dermeval Saviani*



RESUMO
Este texto se propõe a uma retomada da política educacional e das realizações da ditadura militar no Brasil, pondo em destaque aspectos que se fazem presentes, ainda hoje, na educação brasileira. Eis os pontos destacados: vinculação da educação pública aos interesses e necessidades do mercado, que se efetivou na reforma universitária e especialmente no intento de implantação universal e compulsória do ensino profissionalizante; favorecimento à privatização do ensino, que ocorreu principalmente mediante as autorizações e reconhecimentos do Conselho Federal de Educação; estrutura de ensino decorrente da implantação de mecanismos organizacionais que se encontram em plena vigência; um modelo bem sucedido de pós-graduação implantado a partir da estrutura organizacional americana e da experiência universitária européia.
Palavras-chave: Estado e educação. Política educacional. Educação no regime militar.


No início da década de 1960, a sociedade brasileira vivia um momento de grande efervescência, que chegou a ser caracterizado como pré-revolucionário (Furtado, 1962). Os "anos JK" (1956-1960) foram um período de euforia desenvolvimentista, embalado pelo "plano de metas" e pelo slogan "50 anos em 5". O alvo da política posta em marcha era completar o processo de industrialização do país. O Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), criado pouco antes do governo de Juscelino, foi por ele encampado e encarado como a inteligência a serviço do desenvolvimento. No interior do ISEB era elaborada e, a partir dele, divulgada a ideologia nacionalista desenvolvimentista. Paralelamente ao ISEB, formulava-se no seio da Escola Superior de Guerra (ESG) a ideologia da interdependência, que coincidia com a doutrina da segurança nacional.
Enquanto o ISEB, de um lado, elaborava a ideologia do nacionalismo desenvolvimentista e a ESG, de outro, formulava a doutrina da interdependência, a industrialização avançava, impulsionada pelo governo Kubitschek, que conseguia assegurar relativa calmaria política, dando curso às franquias democráticas, graças a um equilíbrio que repousava na seguinte contradição: ao mesmo tempo em que estimulava a ideologia política nacionalista, dava seqüência ao projeto de industrialização do país, por meio de uma progressiva desnacionalização da economia. Essas duas tendências eram incompatíveis entre si, mas no curso do processo o objetivo comum agregava grupos com interesses distintos, divergentes e até mesmo antagônicos. Nessas condições, a contradição permanecia em segundo plano, em estado latente, tipificando-se na medida em que a industrialização progredia, até emergir como contradição principal quando se esgotou o modelo de substituição de importações.
De fato, em 1960, o modelo havia cumprido suas duas etapas: a primeira, correspondente à substituição dos bens de consumo não-durável (como, por exemplo, as indústrias têxteis e alimentícias), que, por não requerer grandes somas de investimento, foi possível instalar mais rapidamente, com base em capitais nacionais; e a segunda, referente à substituição dos bens de consumo durável (indústrias automobilísticas, eletrônicas, eletro-domésticas), cujas somas vultosas de capitais requereram o concurso das empresas internacionais. Completou-se, assim, o ciclo da substituição das importações: já não dependíamos mais das manufaturas trazidas do exterior. A meta da industrialização havia sido atingida. Logo, não fazia mais sentido lutar por ela. O que se ocultava sob o objetivo comum (a contradição de interesses) veio à tona quando o objetivo foi alcançado.
Efetivamente, se os empresários nacionais e internacionais, as classes médias, os operários e as forças de esquerda se uniram em torno da bandeira da industrialização, as razões que os moveram na mesma direção eram divergentes. Enquanto para a burguesia e as classes médias a industrialização era um fim em si mesmo, para o operariado e as forças de esquerda tratava-se apenas de uma etapa. Por isso, atingida a meta, enquanto a burguesia buscou consolidar seu poder, as forças de esquerda levantaram nova bandeira: nacionalização das empresas estrangeiras, controle da remessa de lucros, royalties e dividendos e as reformas de base (tributária, financeira, bancária, agrária, educacional). Esses objetivos propostos pela nova bandeira de luta eram decorrência da ideologia política do nacionalismo desenvolvimentista, que, entretanto, entrava em conflito com o modelo econômico vigente.
Nesse contexto, a sociedade se polarizou entre aqueles que, à esquerda, buscavam ajustar o modelo econômico à ideologia política e os que, à direita, procuravam adequar a ideologia política ao modelo econômico. No primeiro caso, tratava-se de nacionalizar a economia; no segundo, o que estava em causa era a desnacionalização da ideologia.
Na medida em que se ampliava a mobilização popular pelas reformas de base, com as Ligas Camponesas no meio rural, lideradas por Francisco Julião, os sindicatos de operários nas cidades, as organizações dos estudantes secundaristas e universitários e os movimentos de cultura e educação popular, mobilizou-se também a classe empresarial. Surgiu, então, em maio de 1959, o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), a primeira organização empresarial especificamente voltada para a ação política. Sua finalidade explícita era combater o comunismo e aquilo que seus membros chamavam de "estilo populista de Juscelino". Em 29 de novembro de 1961, foi fundado o Instituto de Estudos Políticos e Sociais (IPES) por um grupo de empresários do Rio e de São Paulo, articulados com empresários multinacionais e com a ESG, por intermédio dos generais Heitor de Almeida Herrera e Golbery do Couto e Silva. Gobery foi o principal formulador da doutrina da interdependência na ESG. Em setembro de 1961, solicitou transferência para a reserva e, a partir de 1962, assumiu a direção do IPES. Enquanto o IBAD foi dissolvido pela justiça em dezembro de 1963, o IPES permaneceu em atividade por aproximadamente dez anos, até se autodissolver em junho de 1971.
Em suas ações ideológica, social e político-militar, o IPES desenvolvia doutrinação por meio de guerra psicológica, fazendo uso dos meios de comunicação de massa como o rádio, a televisão, cartuns e filmes, em articulação com órgãos da imprensa, entidades sindicais dos industriais e entidades de representação feminina, agindo no meio estudantil, entre os trabalhadores da indústria, junto aos camponeses, nos partidos e no Congresso, visando a desagregar, em todos esses domínios, as organizações que assumiam a defesa dos interesses populares.
A articulação entre os empresários e os militares conduziu ao golpe civil-militar desencadeado em 31 de março e consumado em 1º de abril de 1964. Saíram vitoriosas, portanto, as forças socioeconômicas dominantes, o que implicou a adequação da ideologia política ao modelo econômico. Em conseqüência, o nacionalismo desenvolvimentista foi substituído pela doutrina da interdependência. Consumou-se, desse modo, uma ruptura política, considerada necessária para preservar a ordem socioeconômica, pois se temia que a persistência dos grupos que então controlavam o poder político formal viesse a provocar uma ruptura no plano socioeconômico. Portanto, se a "Revolução de 1964" foi realizada para assegurar a continuidade da ordem socioeconômica, é inegável seu significado de "mudança política radical", atestada até mesmo pelo simples fato da permanência dos militares no poder por 21 anos, caso inédito na história política brasileira.
Controlando com mão de ferro, pelo exercício do poder político, o conjunto da sociedade brasileira ao longo de duas décadas, o regime militar deixou um oneroso legado cujos efeitos continuam afetando a situação social do país nos dias de hoje. Faz sentido, pois, retomar a política educacional e as realizações da ditadura militar no Brasil, pondo em destaque aspectos que se fazem presentes, ainda hoje, na educação brasileira. Na impossibilidade de explorar, nos limites deste artigo, todos os aspectos da questão proposta, este texto se concentrará nos seguintes pontos: vinculação da educação pública aos interesses e necessidades do mercado; favorecimento da privatização do ensino; implantação de uma estrutura organizacional que se consolidou e se encontra em plena vigência; institucionalização da pós-graduação.

Vinculação da educação pública aos interesses e necessidades do mercado
Consumado o golpe militar, o IPES se dedicou a organizar um simpósio sobre a reforma da educação. Preparado nos meses de agosto a novembro, o simpósio se realizou em dezembro de 1964.
Para orientar os debates do simpósio foi elaborado um "documento básico", organizado em torno do vetor do desenvolvimento econômico, situando-se na linha dos novos estudos de economia da educação, que consideram os investimentos no ensino como destinados a assegurar o aumento da produtividade e da renda. Em torno dessa meta, a própria escola primária deveria capacitar para a realização de determinada atividade prática; o ensino médio teria como objetivo a preparação dos profissionais necessários ao desenvolvimento econômico e social do país; e ao ensino superior eram atribuídas as funções de formar a mão-de-obra especializada requerida pelas empresas e preparar os quadros dirigentes do país (Souza, 1981, p. 67-68).
A orientação geral traduzida nos objetivos indicados e a referência a aspectos específicos, como a profissionalização do nível médio, a integração dos cursos superiores de formação tecnológica com as empresas e a precedência do Ministério do Planejamento sobre o da Educação na planificação educacional, são elementos que integrarão as reformas de ensino do governo militar.
Contudo, as realizações do IPES no campo da educação não se limitaram a esse simpósio. Um outro evento de maior magnitude e mais ampla repercussão foi o Fórum "A educação que nos convém". Nele se explicitaram mais claramente os aspectos constitutivos da visão pedagógica assumida pelo regime militar.
A iniciativa da organização do Fórum se pôs como uma resposta da entidade empresarial à crise educacional escancarada com a tomada das escolas superiores pelos estudantes, em junho de 1968. Durante os meses de julho, agosto e setembro, o IPES se dedicou à preparação do evento, que se realizou de 10 de outubro a 14 de novembro de 1968. Teve papel decisivo na organização do evento Roberto de Oliveira Campos, que havia sido ministro do Planejamento do governo Castelo Branco entre 1964 e 1967, situação em que definiu a política econômica do regime militar e implementou suas principais medidas. A ele eram submetidos os temas e os sumários das conferências e os nomes dos participantes a serem convidados.
O Fórum contemplou onze temas, sendo quatro abordando a educação de modo geral, seis tratando de "aspectos do ensino superior" e o último, definido como "conferência síntese", versou sobre os "Fundamentos para uma política educacional brasileira" (IPES/GB, 1969).
Percebe-se um sentido geral que perpassa o tratamento dos diferentes temas e que se encontra mais fortemente explicitado na conferência-síntese, especialmente no conjunto de sugestões apresentadas para o encaminhamento da política educacional do país. Este sentido geral se traduz pela ênfase nos elementos dispostos pela "teoria do capital humano"; na educação como formação de recursos humanos para o desenvolvimento econômico dentro dos parâmetros da ordem capitalista; na função de sondagem de aptidões e iniciação para o trabalho atribuída ao primeiro grau de ensino; no papel do ensino médio de formar, mediante habilitações profissionais, a mão-de-obra técnica requerida pelo mercado de trabalho; na diversificação do ensino superior, introduzindo-se cursos de curta duração, voltados para o atendimento da demanda de profissionais qualificados; no destaque conferido à utilização dos meios de comunicação de massa e novas tecnologias como recursos pedagógicos; na valorização do planejamento como caminho para racionalização dos investimentos e aumento de sua produtividade; na proposta de criação de um amplo programa de alfabetização centrado nas ações das comunidades locais. Eis aí a concepção pedagógica articulada pelo IPES, que veio a ser incorporada nas reformas educativas instituídas pela lei da reforma universitária, pela lei relativa ao ensino de 1º e 2º graus e pela criação do MOBRAL.
Assim como os empresários ligados ao IPES operavam em articulação com seus colegas americanos e contavam com a sua colaboração financeira, também no planejamento e na execução orçamentária da educação estreitou-se a relação com os Estados Unidos, celebrando-se acordos de financiamento da educação brasileira com a intermediação da USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional).
É nesse contexto que, já a partir de 31 de março de 1965, foram assinados vários contratos de cooperação no campo do ensino entre o Brasil e os Estados Unidos, conhecidos como "Acordos MEC-USAID" (Arapiraca, 1982. p. 133-135).
Configurou-se, a partir daí, a orientação que estou chamando de concepção produtivista de educação. Essa concepção adquiriu força impositiva ao ser incorporada à legislação do ensino no período militar, na forma dos princípios da racionalidade, eficiência e produtividade, com os corolários do "máximo resultado com o mínimo dispêndio" e "não duplicação de meios para fins idênticos".
O marco iniciador dessa nova fase é o ano de 1969, quando entrou em vigor a Lei da Reforma Universitária (Lei n. 5.540, de 28 de novembro de 1968), regulamentada pelo Decreto n. 464, de 11 de fevereiro de 1969, mesma data em que foi aprovado o Parecer CFE n. 77/69, que regulamentou a implantação da pós-graduação. Igualmente, em 1969 foi aprovado o Parecer CFE n. 252/69, que introduziu as habilitações profissionais no currículo do curso de Pedagogia. Deve-se observar que, por meio do Fórum "A educação que nos convém", a entidade empresarial decidiu atuar como um grupo de pressão junto ao Estado, receando que a resposta do governo à crise do ensino superior não correspondesse às suas expectativas.
De fato, o governo havia instituído, em 2 de julho de 1968, um Grupo de Trabalho para elaborar o projeto de reforma universitária. Paralelamente, durante os meses de julho, agosto e setembro, o IPES se dedicou à preparação do evento, que se realizou de 10 de outubro a 14 de novembro de 1968. O projeto de lei da reforma universitária deu entrada no Congresso Nacional em 7 de outubro e foi aprovado em 6 de novembro de 1968, sendo a lei promulgada em 28 de novembro, porém com vários vetos, fazendo a assepsia dos dispositivos que não se coadunavam com os interesses do regime. Com o Decreto n. 464, de 11/02/1969, ajustou-se melhor a implantação da reforma aos desígnios do regime instaurado pelo golpe de 1964. Efetivamente, o artigo 2º do Decreto negava autorização para funcionamento de universidade ou estabelecimento isolado, mesmo quando satisfeitos os requisitos estabelecidos para sua criação, caso não correspondessem às exigências do mercado de trabalho. Tal determinação encontra-se em consonância com as recomendações do IPES enunciadas no fórum "A educação que nos convém".
Completando esse processo, foi aprovada, em 11 de agosto de 1971, a Lei n. 5.692/71, que unificou o antigo primário com o antigo ginásio, criando o curso de 1º grau de 8 anos e instituiu a profissionalização universal e compulsória no ensino de 2º grau, visando atender à formação de mão-de-obra qualificada para o mercado de trabalho.
Esse legado do regime militar consubstanciou-se na institucionalização da visão produtivista de educação. Esta resistiu às críticas de que foi alvo nos anos de 1980 e mantém-se como hegemônica, tendo orientado a elaboração da nova LDB, promulgada em 1996, e o Plano Nacional de Educação, aprovado em 2001.

Nota
1 Números obtidos a partir da Tabela 1 (Cunha, 1975, p. 28). Fonte: MEC-SEEC (Serviço de Estatística da Educação e Cultura).

Referências
ARAPIRACA, J.O. A USAID e a educação brasileira. São Paulo: Cortez; Campinas: Autores Associados, 1982.         [ Links ]
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Federal de Educação. Parecer n. 977/65, de 4/12/1965. Definição dos cursos de pós-graduação. Documenta, Brasília, DF, p. 67-86, 1965.         [ Links ]
CUNHA, LA. A expansão do ensino superior: causas e conseqüências. Debate & crítica, São Paulo, n. 5, p. 27-58, 1975.         [ Links ]
FURTADO, C. A pré-revolução brasileira. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1962.         [ Links ]
INSTITUTO DE PESQUISAS E ESTUDOS SOCIAIS (IPES). A educação que nos convém. Rio de Janeiro: APEC, 1969.         [ Links ]
RODRIGUES, F. Capitalismo sem risco. Folha de S. Paulo, São Paulo, 9 maio 2007, p. A-2.         [ Links ]
SOUZA, M.I.S. Os empresários e a educação: o IPES e a política educacional após 1964. Petrópolis: Vozes, 1981.         [ Links ]
VASCONCELLOS, J. Legislação fundamental: ensino de 1º e 2º graus. São Paulo: Lisa, 1972.         [ Links ]
VIEIRA, E.A. Estado e miséria social no Brasil: de Getúlio a Geisel. São Paulo: Cortez, 1983.         [ Links ]
VIEIRA, S.L. O discurso da reforma universitária. Fortaleza: UFC; PROED, 1982.         [ Links ]

* Doutor em Educação e professor emérito da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). E-mail:dermevalsaviani@yahoo.com.br

Para ler o artigo por inteiro, clicar Scielo Brasil.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Bahia: descaso governamental fecha curso de medicina da UESB


O descaso e desleixo com que o governo do Estado da Bahia trata a educação fecha o curso de medicina da UESB/Campus Jequié. O desfecho triste deste episódio atinge a comunidade jequieense, a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia como um todo (também o Curso de medicina da UESB/Campus de Vitória da Conquista), e, por tabela, os estudantes de enfermagem da UFBA e da Fainor, de farmácia da UFBA, além dos estudantes do PET.
A situação é vexatória para estudantes dos dois cursos, como mostra o videodocumentário supra, e faz emergir personagens que se beneficiaram politicamente com o processo de constituição do curso em Jequié e que se omitem de suas responsabilidades.
Analisando a situação, a professora Simone Andrade Teixeira, da UESB/VC, diz, em sua página nas redes sociais,  que “Os hospitais e unidades básicas de saúde de Vitória da Conquista já estão superlotados com os estudantes de medicina da UESB, estudantes de enfermagem da UFBA e Fainor, estudantes de farmácia da UFBA, além dos estudantes do Programa de Educação pelo Trabalho - PET. Os estudantes do 4º ano do curso de medicina de Jequié estão sem professores. Os editais de concurso para médicos em Jequié não os atraem... salários baixos (o Estado da Bahia, na atual gestão, paga os piores salários do Nordeste do Brasil) ... Como trazer mais 27 alunos do curso de medicina de Jequié para o curso de Conquista, considerando que aqui ainda não contamos com os recursos necessários para um bom funcionamento do curso?”.
O vídeo tece o retrato da problemática.

quinta-feira, 28 de março de 2013

“Prêmio Nobel Alternativo” chega ao Brasil para cobrar esclarecimentos sobre o assassinato de ativistas

Delegação internacional de “Prêmio Nobel Alternativo” chega ao Brasil para cobrar esclarecimentos sobre o assassinato de ativistas.
No Pará, participarão do Júri dos acusados da morte do casal de extrativista de Nova Ipixuna.   
                                          
Entre o dia 1º e 4 de abril, uma delegação internacional da Right Livelihood Award cobrará justiça e o esclarecimento de crimes contra integrantes do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra e de outros movimentos sociais que atuam no campo. Somente em um ano, o número de ativistas ameaçados no país aumentou 177,6%.Em resposta ao aumento dos casos de intimidação e violência contra ativistas sociais no Brasil, a Fundação Right Livelihood Award (RLA) decidiu enviar uma delegação internacional de reconhecidas personalidades à cidade de Marabá, no Pará, região norte do país.

Da delegação participam dois agraciados com o Right Livelihood Award (também conhecido como Prêmio Nobel Alternativo): Angie Zelter, representante da organização britânica Trident Ploughshares (RLA 2001) e o biólogo argentino Raúl Montenegro (RLA 2004). Também compõe esta comitiva Marianne Andersson, integrante do Conselho Diretivo da Fundação RLA e ex membro do Parlamento sueco, que a respeito das razões de sua presença em Brasil, afirmou: "A delegação chegará para expressar sua solidariedade aos ativistas brasileiros, denunciar os crimes e ataques que estão sofrendo os lutadores sociais nesse país e exigir a realização imediata da reforma agrária".

No dia 25 de janeiro último, Cícero Guedes, líder do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), um dos maiores movimentos sociais do Brasil, foi assassinado a tiros, no Rio de Janeiro, por pistoleiros ainda não identificados. Este assassinato é só um de um número crescente de ataques contra ativistas brasileiros envolvidos na luta pela reforma agrária. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) confirma que o número de ativistas ameaçados no país aumentou de 125 para 347 entre 2010 e 2011, segundo o relatório Conflitos no Campo Brasil. Somente em um ano, o número de ativistas ameaçados no país aumentou 177,6%.

A situação é particularmente grave no estado do Pará, estado que, segundo o Relatório de Investigação 2005 da Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH), representa 40% da superfície total desmatada no Brasil, e tem as taxas mais altas do país, tanto de escravidão como de ameaças a defensores dos direitos humanos. A CPT revela que 12 dos 29 assassinatos de ativistas rurais brasileiros em 2011, ocorreram no estado. O MST sustenta que o clima de impunidade ainda é muito forte na região.

Em 1991, a Comissão Pastoral da Terra e o Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra receberam conjuntamente o Right Livelihood Award (também conhecido como Prêmio Nobel Alternativo) por seu trabalho incansável a favor da justiça social e do respeito aos direitos humanos dos pequenos agricultores e camponeses sem terra do Brasil. 
                                             
Amnesty Internacional e Movimento Humanos Direito MHuD) também confirmam presença.
                                             
Já confirmou presença também no julgamento, representantes da ANISTIA INTERNACIONAL, entidade internacional de direitos humanos como sede em Londres na Inglaterra. A Anistia é uma das entidades que tem se destacado no campo da defesa dos direitos humanos no mundo, produzindo relatórios anuais sobre a violação de direitos humanos em diferentes países. Em seus relatórios o Pará tem sido frequentemente citado em razão das ameaças e mortes no campo. Atualmente, a ANISTIA está acompanhando o caso das ameaças sofridas por LAISA SAMPAIO, irmã de Maria do Espírito Santo, esposa de José Cláudio, ambos assassinados em maio de 2011. 

Também estarão presentes representantes do MHuD, entidades de defesa dos direitos humanos com sede no Rio de Janeiro. O MHuD é composto por artistas e intelecturais com atuação em Redes de TVs, Universidades e outros espaços. Em 2012, a entidade entregou o prêmio JOÃO CANUTO de Direitos Humanos para LAISA SAMPAIO como reconhecimento de sua luta em defesa da floresta no Assentamento Agroextrativista Praia Alta Piranheira, no Município de Nova Ipixuna. 

Como parte da visita, as referidas entidades, participarão de uma AUDIÊNCIA PÚBLICA sobre a impunidade da qual gozam os violadores dos direitos humanos. A atividade será no dia 2 de abril, na Universidade Federal do Pará (UfPA), em Marabá (PA), à partir das 14:00hs. No dia seguinte, todos participarão do Júri Popular, do caso do assassinato do casal de extrativistas de Nova Ipixuna, José Claudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo, ocorrido em 2011.
Outras entidades ainda deverão confirmar presença nas próximas horas.
                                                                                                  
                                                                                                   Marabá, 28 de Março de 2013

Manifestação reúne mil jovens por reformas estruturais e contra Alckmin

Foto: mundopositivo.com.br 

26 de março de 2013

por Vivian Fernandes

Da praça da Sé à praça da República, cerca de 1 mil jovens percorreram as ruas do centro da cidade de São Paulo, nesta terça-feira (26), em defesa da ampliação de recursos para educação, do fim da violência contra os jovens pobres, especialmente negros, da democratização dos meios de comunicação e da Reforma Agrária.

A marcha, que encobriu com seus gritos e canções o som do trânsito paulistano por toda a manhã, faz parte da Jornada de Nacional de Lutas da Juventude. As organizações que promovem jornada, que vai até 11 abril, realizarão ações em mais de 15 estados do país.

As bandeiras que os jovens traziam em punho representavam as várias organizações que construíram o ato, como a União Nacional dos Estudantes (UNE), o Levante Popular da Juventude, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Nação Hip Hop Brasil, o Fora do Eixo, a Marcha Mundial das Mulheres e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES).

O presidente da UNE, Daniel Iliescu, defendeu a unidade política dos movimentos sociais para a construção da jornada. "Os jovens estão unidos na rua, porque os seus sonhos são generosos, porque o que se tem no coração e nas mentes é a convicção de mudar o país”, disse.

O coordenador do coletivo de juventude do MST em São Paulo, Gerson de Souza, denunciou em frente ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo “a criminalização de vários militantes, não só do MST, mas de vários movimentos sociais, que estão proibidos de fazer luta, de fazer ocupações e marchas”.

Ele apontou ainda que a democratização do Estado só será possível a partir das manifestações e lutas políticas.

Educação, genocídio e cotas

No cruzamento da avenida São João com o largo do Paissandú, os jovens realizaram uma intervenção artística para chamar a atenção para o extermínio da população negra em São Paulo.

Enquanto manifestantes carregavam caixões de cartolina negra com cruzes brancas, a militante do Levante Popular da Juventude, Beatriz Lourenço, apresentou dados sobre o genocídio da população negra em São Paulo.

“O Mapa da Violência de 2012 diz que enquanto o homicídio de jovens brancos caiu 25%, o de jovens negros aumentou 30%. E a cada dez jovens assassinados no país, sete são negros”, disse Beatriz.

Ela ainda comparou o número de assassinatos decorrentes da ditadura militar com o extermínio da juventude negra e pobre pela Polícia Militar nos últimos anos, que atingiu índices maiores. Os jovens puxaram palavras de ordem para denunciar o racismo e violência da polícia sob controle do governador Geraldo Alckmin.

O ato terminou na praça da República, onde fica a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Os manifestantes criticaram o sistema de inclusão nas universidades estaduais proposto por Alckmin.

O Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público (Pimesp), voltada para USP, Unesp e Unicamp foi rechaçado pelas organizações juvenis, que classificaram como “elitista”.

Os jovens afirmam que o programa de Alckmin trata o aluno cotista como “estudante de segunda classe”, por obrigar que passem dois anos em um curso de reforço para ingressar nas universidades públicas paulistas.

Os jovens manifestantes também criticaram o governador por retirar as disciplinas de História, Geografia e Ciências dos anos iniciais do Ensino Fundamental. A medida faz parte da reformulação curricular das escolas em tempo integral e já chegou a 297 colégios da rede estadual.

A manifestação terminou com apresentações de grupos de rap.

Audiências

Delegações de representantes das diversas organizações e movimentos de juventude se reuniram com a Prefeitura de São Paulo e com a Secretaria de Educação do governo do Estado de São Paulo.

Na prefeitura, os jovens foram recebidos pelo secretário de governo, Antônio Donato, pelo responsável pela coordenadoria de juventude, Gabriel Medida, e pelo chefe de gabinete do prefeito Fernando Haddad, Gustavo Vidigal.

Os movimentos sociais cobraram medidas da prefeitura para enfrentar o extermínio da juventude da periferia, fazendo um contraponto à ação da Política Militar do governo Geraldo Alckmin. Além disso, pautaram a implementação do passe livre no transporte público para os estudantes que ingressaram na universidade pelo Programa Universidade para Todos (Prouni).

Donato fez o compromisso de levar as demandas para o prefeito e propôs a realização de uma audiência dos movimentos juvenis com Haddad. Ele disse também que Haddad tem compromisso com o financiamento da educação, por meio dos 10% do Produto Interno Bruto (PIB) em nível federal, 50% do fundo soberano do pré-sal e 100% dos royalties do petróleo.

Na audiência com o secretário estadual de Educação, Herman Jacobus Cornelis Voorwald, as organizações apresentaram críticas ao Pimesp, cobraram a ampliação de recursos para o financiamento da educação, a manutenção das escolas do campo já existentes e construção de novas unidades para garantir a permanência da juventude no campo.

Os movimentos defenderam passe livre para estudantes do Prouni e o investimento em laboratórios e equipamentos tecnológicos para elevar a qualidade da educação pública. As entidades estudantis, principalmente secundaristas, cobraram a livre organização nas escolas e participação no Conselho Estadual de Educação.

O secretário Herman Voorwald enfatizou que o programa de cotas das universidades estaduais paulistas não está sob sua responsabilidade, mas se comprometeu a mediar uma audiência das organizações da juventude com o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (CRUESP).

“O momento é de construção de uma resposta concreta à demanda da sociedade, e o fato das universidades estarem discutindo uma proposta é sem dúvida um grande avanço”, disse o secretário.

O secretário-adjunto da Educação, Palma Filho,que também é vice-presidente do Conselho Estadual de Educação, afirmou apoiar a participação das entidades estudantis no Conselho.

“Esta pauta está em discussão, mas precisa haver o entendimento por parte do colegiado, que é formado por 24 pessoas”, ponderou.

“Essa reunião representa um avanço no sentido de podermos apresentar essas reivindicações de forma coletiva, reflexo da unificação das pautas das diferentes organizações que articularam nossa jornada”, avaliou a integrante da coordenação estadual do MST de São Paulo, Jade Percassi.
Fonte: MST

Dicionário Histórico-Crítico do Marxismo

O Instituto de Teoria Crítica de Berlin lançou o projeto de colaboração internacional intitulado Dicionário Histórico-Crítico do Marxismo (DHCM) em 1983, como homenagem a Karl Marx na data que marcava o centenário de sua morte. O Projeto partiu do plano original de produzir suplementos ao Dicionário Crítico do Marxismo (DCM). de Georges Labica. Trata-se de uma obra publicada pelo Editorial Argument (Hamburgo, Alemanha), em 1994. 
O Dicionário trata-se de uma ampla relação de artigos ordenados em mais de 1500 verbetes (entradas), em três línguas (espanhol, alemão e inglês) projetadas para 15 tomos. Seu interesse é centrado na análise e reconstrução crítica dos conceitos teóricos de determinados elementos históricos-políticos e econômicos, assim como de realidades sociais concretas, a partir do monto de vista do marxismo. Os artigos foram elaborados em sistema de colaboração internacional por muitos especialistas das respectivas matérias, passando por um conselho científico e editorial, que prima pelos critérios de composição e pesquisa científica.
O DHCM trata-se de um projeto científico aberto, cuja intenção final é a de abrir uma base crítica, o que abre possibilidades de participação e contribuição de qualquer matiz marxista e parte do mundo.
Acesse o site e desfrute de vários textos disponibilizados clicando AQUI

sábado, 23 de março de 2013

Universidade Federal de Goiás: Encontro Brasileiro de Educação e Marxismo

O EBEM – Encontro Brasileiro de Educação e Marxismo – é um encontro de âmbito nacional que tem por objetivo possibilitar a discussão entre investigadores, professores, estudantes,militantes dos movimentos sociais e os diversos núcleos de pesquisa no país que abordam o tema da educação na perspectiva teórico-metodológica do materialismo histórico.

Dando continuidade aos encontros anteriores, temos a satisfação de apresentar o V EBEM, sob o título “Marxismo, Educação e Revolução”, organizado por pesquisadores e professores da Universidade Federal de Goiás. O Encontro acontecerá em Goiânia, nos campi da Universidade Federal Goiás, nos dias 27, 28, 29 e 30 de agosto de 2013.

Esta edição do evento contará com espaços de reflexão distribuídos entre diferentes mesas temáticas. Também acontecerão apresentações de trabalhos, que serão inscritos mediante submissão de resumos.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Sobre o ENEM

De Enem e Miojo
Juliana Brito 22/03/13

Que bom que ainda existem jovens irreverentes e capazes de fazer algo necessário quando os mais velhos já não se dispõem a fazer: avaliar o avaliador. Os meninos que introduziram em seus textos do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) uma "receita de Miojo" ou o "Hino do Palmeiras" poderão ajudar a aperfeiçoar o Exame mais do que muitos teóricos de plantão ou jornalistas hipócritas da nossa mídia elitista. Para esta, o que interessa apenas é que os menos privilegiados deixem de "contaminar" as instituições que sempre lhes pertenceram. Os mais pobres não estão apenas querendo ir para "os cursos de pobre" como têm sido tratadas historicamente as licenciaturas, eles querem ocupar e dividir as mesmas salas dos "templos do saber" que antes eram frequentados apenas pela "nata da sociedade", ousam ser médicos, juízes, engenheiros etc.
Se a língua foi "ferida" por erros ortográficos, há que se debater sobre isso, e creio que não são os jornalistas os mais habilitados a discutir linguística, como eu também, uma pobre mortal, não estou habilitada a discutir sobre um cálculo estrutural ou uma intervenção cirúrgica. Piores e mais graves erros são os de sentido que a elite que patrocina a mídia comete todos os dias, subvertendo a lógica dos fenômenos sociais. Está aí para todos verem: um assalto é culpa da vítima, uma greve é culpa dos trabalhadores, a falta d`água é por culpa do desperdício da população etc. Claro, que para os puristas, mais vale escrever certo o errado. Mas nós sabemos que a linguagem é poder, depende de quem fala e de onde fala. É por isso que, ao invés de questionar o cerne do problema e investir seriamente na Educação Básica e na valorização de seus profissionais, retiram o foco do que realmente importa e elaboram uma série de discursos e regras que passam a exigir o impossível aos meninos que saem do Ensino Médio, que façam uma redação, entre outras provas, sem nenhum erro. Não conheço nenhum autor que tenha conseguido tamanha façanha, as edições corrigidas estão aí para provar. Eles criaram um fato e agora propõem a solução: acabem com o ENEM! Dessa forma, o Brasil continuará indo muito bem, ao menos para uns poucos privilegiados.
Salve os nossos meninos irreverentes que, ao nos ensinar a fazer um bom “Miojo”, nos ensinam a questionar! Ainda há esperança!

quinta-feira, 21 de março de 2013

Avaliadoras do Enem dizem que ordem é ignorar erros e “aprovar o maior número de pessoas”


"Se escrevesse uma receita de bolo, eu teria de considerar", diz professora que participou das correções.

O jornal Zero Hora publicou nesta quinta (21) um relato estarrecedor de duas professoras que participaram das correções do ENEM. De acordo com as informações obtidas pela jornalista Letícia Duarte, a orientação recebida era a de fazer “vista grossa” aos erros encontrados e “aprovar o maior número de pessoas”.
Abaixo um trecho da reportagem:

Arrependidas de terem participado das correções do Enem, duas professoras gaúchas decidiram romper o contrato de sigilo para revelar bastidores da prova. Pedindo anonimato, uma delas detalhou nesta quarta-feira a ZH, por telefone, como teriam recebido orientações para fazer “vista grossa” aos erros encontrados. Professora de língua portuguesa há 12 anos, diz que a ordem é para “aprovar o maior número de pessoas”:

Zero Hora – Que orientação vocês receberam para as correções das redações?

Avaliadora – Recebemos uma formação, fizemos exercícios pelos quais fomos avaliadas, tudo via online. Isso partiu da Universidade de Brasília. Foram seis, sete semanas de atividades, para os 8 mil avaliadores. No dia 14 de novembro, tivemos uma reunião em que foram repassadas as verdadeiras orientações. Fomos orientados a esquecer tudo o que se sabe, tudo o que se aprendeu, tudo o que se fez na formação. Deveríamos considerar a ideia de que é para aprovar o maior número de pessoas. Eu e a outra colega tentamos desistir, mas nosso grupo já estava um pouco defasado. Como já tínhamos nos comprometido, ficamos.

(…)

ZH – Que tipo de coisas falaram que se deveria fazer vista grossa?

Avaliadora – Por exemplo, num texto, se aparecesse a palavra imigração ou imigrante, que era o tema, eu não poderia anular. Eu deveria pelo menos dar um ponto. Se ele escrevesse uma receita de bolo, mas pusesse imigração em algum momento, eu teria de considerar, não poderia anular. Outra coisa que eu fiquei muito chocada: se aparecesse um texto como poesia, ou narrativa, mas que tivesse a ver com o tema, e que se eu sentisse que em algum momento ele estava defendendo de alguma forma o ponto de vista dele, não poderia anular também, teria que dar um. A grosso modo, a orientação era essa: não anulem, só em último caso. A forma como fazem a seleção dos professores também é questionável. É tudo indicação. Ninguém te pede diploma.

ZH – Não se exige comprovação de formação dos professores?

Avaliadora –Não. Não existe.

ZH – Se alguém fingir que é professor pode ser avaliador?

Avaliadora – Pode. Se ninguém pede documentação… A inclusão parte de convites. Acho que funciona por ligações políticas. Essas pessoas são convidadas a ocupar esses cargos mais elevados e vão convidando pessoas que conhecem. Quem me convidou sabe que sou formada em Letras e faço correção há mais de 10 anos… mas será que isso ocorre no Brasil inteiro?

ZH – Eles chegaram a dizer explicitamente que era para evitar dar nota baixa?

Avaliadora – Sim. Que era para evitar, porque nos anos anteriores eles receberam inúmeros recursos, que tiveram que responder na Justiça, e que isso onera a União. O tiro saiu pela culatra. Me arrependo até de ter participado. Financeiramente não vale a pena. Pagam R$ 1,90 por redação, tu tens uma meta diária de cem redações (3 mil redações por mês)… para quem trabalha e gosta de fazer um trabalho qualificado é bem complicado.

ZH – O processo é uma enganação?

Avaliadora – Sim. É um enganar… até o candidato, em relação a suas condições. Me considero enganada. Recebi formação, manual que estudei, e numa reunião me dizem para esquecer tudo isso.

Fonte: Implicante

Sobre a Copa do Mundo


Bahia: descompromisso do Governo Wagner leva universidades à crise


quarta-feira, 20 de março de 2013

CARTA ABERTA AOS ESTUDANTES DA UNICAMP


EM DEFESA DA UNIVERSIDADE PÚBLICA E DEMOCRÁTICA


Há décadas a UNICAMP vem sendo submetida a políticas que têm por objetivo o ajuste da universidade às exigências do capital e aos imperativos do colonialismo cultural. O fenômeno faz parte de um processo mais geral de mercantilização e precarização do conhecimento e ameaça gravemente a universidade pública brasileira. O aprofundamento e a aceleração desse movimento nos últimos anos explicam a conversão da universidade num grande negócio e, como consequência, a escalada de iniciativas para criminalizar as lutas em defesa da universidade pública e de seu pessoal - estudantes, funcionários e professores.
A Unicamp vive uma dessas conjunturas particulares em que o processo de mudança atinge o ponto de ebulição e pequenas alterações quantitativas provocam grandes transformações qualitativas. A continuidade radicalizada do projeto de privatização do grupo de interesse que ocupa a reitoria - representado pela candidatura Mário Saad – significaria um duro golpe ao pouco que ainda resta de valores republicanos e humanistas de nossa universidade.
O balanço do primeiro turno das eleições para reitor revela que professores e funcionários perceberam com clareza o que está em jogo e se manifestaram de maneira maciça contra o enraizamento ainda mais profundo do fundamentalismo neoliberal nas estruturas de poder da universidade. A candidatura da situação recebeu, no entanto, a maioria dos votos dos estudantes – as maiores vítimas da gestão reacionária dos grupos privatistas que instrumentalizam a universidade e seu gigantesco orçamento para servir a lógica dos negócios. A vitória da situação entre os estudantes é reflexo da mobilização dos grupos estudantis de direita e da apatia das forças estudantis comprometidas com a democracia os interesses públicos.
O calendário eleitoral é feito para impedir uma verdadeira discussão sobre as estruturas de poder e projetos de universidade. Ele reflete em sua plenitude a precariedade da democracia universitária. O processo eleitoral transcorre no afogadilho e os interesses em jogo ficam ocultos, misteriosos para o conjunto da comunidade universitária. O desinteresse do conjunto dos estudantes com o processo eleitoral é, portanto, perfeitamente compreensível. Trata-se de mais um sintoma da grave crise do sistema de representação da UNICAMP.
A origem histórica comum das duas candidaturas que disputam a reitoria, ambas contemplando forças que estão nas estruturas de poder da universidade há pelo menos 12 anos, é um motivo adicional para reforçar o sentimento de que não existem diferenças de fundo entre os contendores e, portanto, de que é estéril comparecer à votação. Mesmo assim, as diferenças são significativas. O fundamental reside na forma de tratar o conflito. O método abominável de punir e perseguir de maneira sistemática e implacável quem luta em defesa da universidade pública, reprimindo o movimento estudantil e atacando e desrespeitando os sindicatos dos funcionários e dos professores, é uma prática reacionária que se institucionalizou nos últimos quatro anos.
Nesse contexto, o caráter heterogêneo e contraditório da composição que sustenta a candidatura Tadeu Jorge não justifica tergiversações e sectarismo, pois a significativa participação de setores historicamente comprometidos com a defesa da democracia e do interesse público representa uma ruptura profunda com o fundamentalismo liberal da reitoria Fernando Costa e, em consequência, a possibilidade de uma freada e um contraponto à marcha insensata dos acontecimentos. A própria presença de Tadeu Jorge é um fator diferenciador que deve ser levado em consideração no momento de avaliar a distância que separa as duas candidaturas, pois foi a sua providencial intervenção como então Reitor que impediu a punição dos estudantes que ocuparam a DAC na greve de 2007, reivindicada, com ranger de dentes, pelos setores mais autoritários da universidade. O contraste com o que se assistiu nos últimos quatro anos é gritante.
No momento delicado por que passa a universidade, a derrota da ala radicalizada e truculenta do projeto liberal abriria brechas para uma recomposição do espaço democrático, restabelecendo a premissa fundamental para a defesa da universidade pública: o respeito ao conflito como forma legítima de defesa de interesses coletivos, sem o que é impossível imaginar uma universidade pública. Para evitar a tragédia que representaria o aprofundamento da mercantilização e da criminalização na UNICAMP, em defesa da universidade pública e democrática, conclamamos os estudantes e toda a comunidade a fazer um voto crítico na chapa Tadeu-Álvaro.
Plinio de Arruda Sampaio Junior - IE
José Claudinei Lombardi (Zezo) – FE
Caio N. de Toledo – IFCH

Petras: Ditaduras monárquicas financiam terroristas para ataques na Síria


Entrevista ao sociólogo estadunidense James Petras
pela Radio Centenario (Montevidéu, Uruguai) . 
30 de julho de 2012

Chury: Estamos recibiendo a James Petras, el gusto de saludarte. Buenos días. Bienvenido a Radio Centenario...

Petras: Buenos días Chury. ¿Todo bien?

Chury: Todo bien sí. Te quería decir que, más allá de los análisis que hemos hecho durante 10 programas anteriores, hoy quisiéramos una puesta a punto, necesitamos un análisis de la situación de Siria y quiénes están detrás de los invasores y terroristas, a quiénes Occidente llama rebeldes y qué papel juega Turquía, por ejemplo, en esto que está pasando...

Petras: Podríamos considerar ahora la famosa batalla de Alepo, la segunda ciudad en Siria, que está bajo ataque de los grupos terroristas. Debemos entender dos cosas primero, que en Alepo la gran mayoría del pueblo apoya al gobierno y está contra los terroristas. Y eso se puede confirmar por dos razones. Una es que incluso la prensa burguesa dice que los terroristas invadieron la ciudad. Es decir, el levantamiento no es un producto de disidencia, de descontento dentro de la ciudad. Los terroristas tenían poca gente simpatizante en Alepo, eso se sabe desde hace mucho tiempo. Pero ahora los medios confirman eso cuando dicen que los terroristas invadieron desde varios lugares,cruzando la frontera con Turquía y trayendo todas sus armas.
Segundo, en vez de buscar el ejército, la policía, ocupa barrios populares y forzaron a los residentes a salir. Hay miles de refugiados que han salido por el miedo de los terroristas.
Entre los cientos de capturados terroristas, la gran mayoría son extranjeros, vienen de Arabia Saudita, de Pakistán, de Afganistán, de África del Norte y de Libia donde cometieron muchas atrocidades. Entonces, son personas de afuera de Alepo que entran Alepo, aterrorizan a la población forzando a miles de personas a salir y tienen nacionalidades extranjeras. Es decir, son terroristas internacionales financiados en parte por Arabia, por Qatar y otros países del Golfo que son dictaduras supuestamente de monarquías.
Y tercero, debemos entender que la frontera con Turquía es el puente de entrada para cometer estas atrocidades con el apoyo de Francois Holland, que llama para una intervención extranjera y también el respaldo de Cameron de Inglaterra, los alemanes y los norteamericanos. Tenemos que decir que la guerra en Siria, como podremos ilustrar con el caso de Alepo, es producto de una intervención imperialista utilizando los terroristas islámicos en gran parte y causando la destrucción.
¿Cómo los medios tratan este tema? Primero, citan la presencia de los terroristas dentro de la ciudad, los infiltrados como si fueran rebeldes dentro de la ciudad. Es decir, ciudadanos de Alepo, ciudadanos sirios que están levantando las armas contra el gobierno. Es la primera mentira.
Segundo, utilizan la salida de los residentes para culpar al gobierno, en vez de ver cómo los invasores extranjeros forzaran a los residentes a salir porque los terroristas utilizan sus casas, sus tiendas como lugares para francotiradores.
Y tercero, utilizan esta destrucción, fomentada por los terroristas, como pretexto ahora para gritar crisis humanitaria y pedir mayor intervención imperialista. Esos son los dos aspectos. El primero es que los terroristas infiltran la ciudad, causan el caos el terrorismo, la salida, la fuga del pueblo sirio. Y desde afuera, entonces, los países europeos y del Golfo utilizan este terrorismo y las consecuencias como bandera para mayor intervención imperial.
Esa es, en pocas palabras, la situación que existe en Siria.

Chury: Pero tengo más todavía, ¿por qué los demás países árabes, Jordania, Emiratos Árabes y Arabia Saudita están en contra de Siria?

Petras: Porque son países que, desde hace muchos años, son dictaduras y dependen de los Estados Unidos por apoyo militar. Dependen, en el caso de Jordania con subvenciones multimillonarias de Estados Unidos y su rey siempre es un acompañante de Washington contra los palestinos y pactado con Israel.
Con Arabia Saudita también los Estados Unidos tiene un acuerdo de más de 60 años donde Arabia Saudita subvenciona la industria de armas de Estados Unidos, da una base militar para los Estados Unidos contra cualquier país en la región .Tiene una asociación con el imperialismo, proteger a una familia muy corrupta, multimillonaria que no permiten a las mujeres manejar un coche, mucho menos caminar solas por cualquier vida social. Es una dictadura machista y terrorista. Por esta razón tenemos esta colaboración de mucho tiempo en cualquiera de los proyectos norteamericanos en Medio Oriente. En la guerra contra Afganistán, en la guerra contra Irak, los ataques contra Irán y ahora la invasión de Siria. Estos dos países y los otros del Golfo siempre tienen este pacto con Washington. Washington apoya el régimen y el régimen presta apoyo a las políticas imperialistas.
           
Chury: ¿Tendrán fuerza suficiente Rusia y China como para seguir enfrentándose solos a los demás países de la OTAN?

Petras: Hablamos de Siria .Obviamente está afectando la economía, está afectando la salida de muchas personas asustadas por los ataques de los terroristas. Han desarticulado sectores del país, de la economía regional ahora atacando al Alepo que es un centro económico vital para el país. Militarmente el ejército sirio está en posición de derrotar a los terroristas y a los mercenarios que vienen de afuera. Pero la base económica está muy debilitada por las sanciones de los países imperialistas y por los ataques de los grupos terroristas. Hay una situación donde Siria necesita destruir a estos invasores y tratar de recuperar la economía, tal vez con el apoyo de Rusia y China si puede conseguir, con Irán u otros países independientes.
Ese es el desafío. Primero, establecer otra vez la soberanía del país contra las incursiones. Y segundo, volver a tratar de reconstruir una economía con una participación mayor de los ciudadanos, y mayor participación de los mismos en el proceso político y militar.

Chury: ¿Siria está en condiciones de seguir resistiendo, desde el punto de vista militar?

Petras: Militarmente sí, pero no se puede separar lo militar de lo económico. Hasta qué punto la caída de la economía va a permitir sostener la resistencia y la ofensiva militar.
En este momento en Siria han liberado Damascus de los terroristas, parece que se han ganado todos los distritos, pero vuelve al ataque a Alepo y ahora Alepo está bajo estado de sitio. No es que al final de cuentas Siria no va a destruir estos grupos, pero va a quedar muy desarticulada la economía, la destrucción de tiendas, de comercio, de mercados, de industria y eso va a costar un tiempo volver a reconstruir. Y depende si Siria puede conseguir los recursos externos, tal vez recurra a Rusia para reconstruir su economía.

Chury: ¿Qué intereses económicos hay detrás de Siria, acaso tiene petróleo o la cosa es solamente estratégica?

Petras: Sí, tiene productos agrícolas, aceite de oliva, varios productos comestibles. Tiene un centro comercial con algunas industrias ligeras y también es un lugar que servía como puente de comercio con el Medio Oriente, Líbano y los demás países, en Europa particularmente. Y tiene relaciones estrechas con Irán y tal vez eso puede ser un salvavidas.

Chury: ¿Por qué Siria es aliada de Irán?

Petras: Porque tienen enemigos en común, uno es un gobierno islámico, el otro es secular, pero comparten el antiimperialismo, el apoyo de palestinos y también están en una posición de enfrentarse con Israel. Por esta razón Siria es un país que practica la independencia como practica Irán. Y esta independencia configura la política común que adaptan.
Ahora, en términos de política interna hay diferencias, como decimos Irán tiene la hegemonía islámica que afecta el sistema político. Siria tiene un gobierno más tolerante de grupos cristianos y otros varios grupos más donde Irán tiene menos tolorancia. Pero también debemos decir que las elecciones y procesos legislativos en Irán son mucho más abiertos y participantes que lo que existía en Siria donde la familia Assad tenía mucho más control y centralizado en el Poder Ejecutivo. En ese sentido Irán, a pesar que es islámico, es menos autoritario y más pluralista de lo que era la realidad en Siria.
Ahora en Siria han hecho algunas reformas que supuestamente van a abrir más el sistema hacia la participación de grupos opositores.

Chury: Acerca de la reunión del Mercosur en Brasil y las perspectivas del ingreso de Venezuela a esa unión de países del sur, ¿cómo se ve?

Petras: Es un gran paso adelante porque va aumentar en algún grado los intercambios comerciales, inversiones y proyectos integracionistas. En este sentido Venezuela va a facilitar mayor integración y cooperación.
Por otro lado, yo no creo que vaya afectar mucho la política de Brasil, Uruguay o Argentina. La política está hecha dentro de los países y tal vez Venezuela podría presionar por mayores condiciones positivas sobre inversiones.. Pero la política diplomática, comparten todos los países la no intervención, la oposición a golpes militares. Eso lo tienen en común.
Ahora, Chávez tiene una versión del socialismo que podría servir como un ejemplo para los ciudadanos de los otros países. Pero el impacto directo no creo que vaya a ser mucho porque los partidos aficionados de Venezuela, tanto como en los otros países, no tienen demasiado peso para reflejar esta adhesión en la política interna.
Entonces, es positivo, va a facilitar la integración, fotalecer la independencia de los países, pero al mismo tiempo tener una limitación sobre cualquier tipo de radicalización.

Chury: Estamos en el final, te agradezco mucho el aporte brindado...

Petras: Quería hablar dos minutos sobre los Juegos Olímpicos...

Chury: Sí adelante...

Petras: Porque los Juegos Olímpicos no son juegos, es un gran negocio. Los cálculos en Londres para conseguir el sitio era que podrían tener ganancias de hasta 5 mil millones de dólares. Los atletas que están gastando tanta energía y tiempo para conseguir medallas son comerciantes, cuando aparecen en cualquier lugar tienen la señal de la empresa, que son los dueños de su performance, son atletas negociantes.
Y tercero, el chovinismo. En Estados Unidos la televisión no presenta todos los juegos, solo presenta los juegos donde Estados Unidos tiene chance de ganar algún premio. Ayer, por ejemplo, presentaron el voleibol de playa, fíjate que no figura en ningún olímpico histórico, ni en Grecia, ni en los años anteriores. Pero como los Estados Unidos tiene posibilidades de ganar, quieren mostrar la superioridad de Estados Unidos, levantar la bandera, cantar, bailar y gritar “¡God bless America!” Y este tipo de chovinismo es contra el espíritu internacionalista que debe existir.
Los atletas deben jugar con menos tiempo de preparación y tener una vida normal para no estar simplemente como esclavos en esta preparación porque piensan que pueden pasar a ser millonarios si consiguen una medalla de oro.
Entonces, en vez de la comercialización y el chovinismo debemos tener otro tipo de olimpíadas, donde el espíritu no profesional domina, donde cada atleta es un atleta y no una bandera, donde el juego es para la gloria y no simplemente para llenar el bolsillo de los promotores y de las grandes empresas multinacionales que está financiando esta empresa.

Chury: Muy bien Petras, nos reencontramos el próximo lunes con el gusto de siempre. Que pases muy bien...

Petras: Hasta el próximo lunes. Un abrazo para todos.